A Cultura Humanista

do Renascimento

Uma nova visão do mundo

   O Renascimento foi um movimento cultural que nasceu entre as elites de ricas cidades italianas, no século XIV, e se estendeu com variações, por outras regiões da Europa, até o final do século XVI. Esse movimento ficou conhecido com Renascimento porque seus protagonistas pretendiam partir da filosofia, da arte e dos valores da cultura greco-romana para fundar um mundo novo.

   É importante lembrar que os valores da Antiguidade clássica não foram abandonados durante a Idade Média. A cultura greco-romana continuou presente na literatura, nas teorias políticas, na educação, etc.

  O movimento renascentista estava relacionado ao fortalecimento da burguesia nas cidades medievais. Nesse novo mundo urbano, os ideais aristocráticos da cavalaria medieval deram lugar aos valores burgueses que consagram o lucro e o sucesso individual.

   Os homens do Renascimento não negavam a existência de Deus, mas colocavam em primeiro plano os interesses humanos e terrenos. A importância que o homem adquiria era a base do humanismo, um movimento intelectual do Renascimento que surgiu nos centros mais desenvolvidos da Península Itálica, sobretudo na cidade de Florença.

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                                                                                                                                    Primavera, pintura 

                                                                                                                                    de Sandro Botticelli,

​                                                                                                                                   cerca de 1478. Galeria

​                                                                                                                                    Uffizi, Florença. 

 







Os valores humanistas

  É possível sintetizar os valores humanistas em três características 

  centrais, que para alguns historiadores revelaram a mudança que houve

  em relação à Idade Média: o antropocentrismo, a valorização da cultura

  e das obras da Antiguidade clássica e a autonomia da razão.

# O ser humano como o centro do universo. Os pensadores 

   medievais colocavam Deus e a Igreja no centro do universo e

   consideravam a Terra uma passagem em direção à vida eterna.

   Os humanistas, ao contrário, adotavam o antropocentrismo, ou

   seja, situavam o homem no centro do mundo.

# Predominância dos valores da Antiguidade clássica.

  A valorização dos estudos de pensadores greco-romanos

  ocorreu porque os artistas e sábios humanistas entendiam

  a Antiguidade clássica como a época de ouro da história,

  momento em que as obras de aerte e o pensamento tinham

  como preocupação central do ser humano.

# Autonomia da razão. Os humanistas defendiam a busca da

   verdade por meio da investigação e da reflexão pessoal, pois                            Pietà, escultura de Michelângelo,​

   entendiam que a razão não deveria estar a serviço da fé, mas ser                     feita entre 1498 e 1500. Basílica de

   uma categoria livre.                                                                                        São Pedro, Roma.

Essa visão humanista do mundo se manifestou na política, na ci-

ência, nas artes e em outros aspectos da cultura da elite europeia. Ela

expressava o entusiasmo dos pensadores com as conquistas da época,

como a realização das grandes viagens oceânicas e as descobertas nos

ramos da astronomia e da medicina.



                                          Os novos meios de divulgação

                                              Até o século XV, os livros eram copiados a mão, um a um. O

                                           processo era lento e caro e não dava conta da crescente procura

                                           por livros. A solução para o problema veio com a criação da pren-

                                           sa de tipos móveis e dos tipos móveis metálicos desenvolvidos

                                           pelo alemão Johannes Guntenberg. A prensa comprima em uma

                                           superfície os tipos, que eram embebidos em tinta e possibilitavam

                                           a reprodução de um grande volume de material, de forma rápida

                                           e eficiente.

                                              A expansão do invento de Gutenberg contribuiu para difundir as ideias e as obras humanistas da Itália para outra regiões da Europa.Vale ressaltar, porém, que a invenção dos tipos de móveis não significou o desaparecimento imediato dos manuscritos. A reprodução pela prensa tornou-se hegemônica apenas a partir do século XIX com a produção industrial de livros.

  Outro importante fator que contribuiu para a divulgação do humanismo foi o surgimento das academias e dos liceus lacaios. Até o método século XIV, as universidades, controladas pela Igreja, mantinham o método de estudo da Idade Média, baseado na memorização de algumas obras. As academias e os liceus lacaios criados com o Renascimento enfatizavam o estudo do grego e do latim e desenvolviam um conhecimento reflexivo e crítico.



   Os novos conhecimentos

    A valorização da razão e do homem e os estudos dos autores da Antiguidade clássica favorecem importantes avanços no conhecimento científico.

# Um novo olhar sobre o universo. Até o Renascimento, predominava a interpretação geocêntrica do universo, elaborada pelo grego Ptolomeu, no século II, e defendida pela Igreja. Por essa teoria, o Sol e todos os astros giravam em torno da Terra. Em1543, o polonês Nicolau Copérnico apresentou a teoria heliocêntrica. Na nova teoria, o Sol era o centro do universo, e a Terra e os demais planetas em torno dele.

​# Desenvolvimento de novas ciências. As viagens maritimas impulsionaram o desenvolvimento de outras ciências, como a geografia, a cartografia, a botânica e a zoologia.

# Maior conhecimento do corpo humano. Os artistas recorreram à matemática e à geometria para estabelecer proporções ideais e harmonia na representação da paisagem natural. Nas ciências, os estudos de anatomia e da circulação sanguínea possibilitaram muitos progressos no conhecimento do corpo humano.

  Esses conhecimentos, por questionarem muitos dogmas da Igreja Católica, foram violentamente combatidos pela instituição.